Recentemente a gigante Google divulgou a nova versão do seu Modo de Consentimento (Consent Mode V2), uma estrutura que integra as preferências de permissão dadas pelos visitantes de um site para marcas e também para o próprio Google. Na prática, o consent mode permite ajustar o comportamento das tags do Google com base na interação do visitante com o banner de consentimento em um site. Ele recebe as permissões dos usuários para que seus dados pessoais ou armazenamento do navegador sejam acessados e adaptados dinamicamente para a exibição de anúncios e para as tags de terceiros que criam ou leem cookies. Se um usuário não consente o uso de suas informações, nenhum dado é enviado para o Google. Dessa forma, as tags ficam bloqueadas para disparo e a modelagem de conversão do modo de consentimento baseia-se em um modelo geral.
Em sua segunda versão, o consent mode atualiza o ad_user_data (o usuário permite que os seus dados sejam utilizados para fins publicitários) e ad_personalization (o usuário consente que seus dados sejam utilizados para remarketing), assim como oferece uma URL para transmitir permissões aos serviços do Google. Sua principal mudança, portanto, está na exigência de uma divulgação mais explícita e detalhada da utilização de cookies e dos dados, especialmente para uso comercial e para construção de audiência.
Nesta atualização é possível implementar duas opções de modo de consentimento: o básico e o avançado. Enquanto a primeira coleta os dados somente se o usuário permitir, na versão avançada a coleta acontece quando o usuário autoriza e quando ele nega o consentimento. A escolha por qual modelo utilizar implica na qualidade da modelagem de conversão, sendo importante considerar a relevância que se dá para a coleta de dados de usuários que não permitem o uso dos dados. No entanto, por ser algo recente, ainda há muitas dúvidas sobre o funcionamento prático da versão avançada, portanto, é mais recomendado atualizar, inicialmente, para a versão básica.
O que se sabe com mais segurança sobre o modelo avançado é que quando o consentimento é autorizado, os cookies são gravados e todos os dados de medição são enviados para o Google. Já quando ele é negado, são enviados pings (sinais) sem cookies automaticamente com informações não pessoais. Com esses pings, o Google utiliza um algoritmo interno para fazer uma estimativa das conversões.
Conformidade com a regulamentação
A previsão é que, a partir de março deste ano, as empresas que não tiverem o consent mode V2 instalado, tenham gradativamente mais dificuldades para recolher dados pelo Google Analytics, Tag Manager ou Google Ads. Ou seja, há um claro desafio em como continuar performando nessa nova realidade. Com o menor volume de dados sendo capturados do usuário, maior é o uso de modelagem para exposição de dados na plataforma, o que dificulta ainda mais a avaliação de informações no GA4. Outro fator é que a não adequação a esta nova realidade pode ter um impacto severo na publicidade digital, entre elas é possível citar:
Comprometimento de comunicação de dados entre o GA4 e o Google Ads
Uma possível desativação total dos recursos para construção de audiências e remarketing
Há um agravante para contas que atuam com anúncios digitais na Europa, pois a exigência no cumprimento dessa nova diretriz será mais rigorosa em países da União Europeia e no Reino Unido. No entanto, especialistas já advertem para quem utiliza os serviços de publicidade do Google (diretamente ou pelo GA4), que o Modo de consentimento poderá ser obrigatório em breve.
Para quem o Consent Mode V2 é necessário?
De acordo com o próprio Google, em 2024, a fiscalização da regulamentação de privacidade impactará nos recursos de medição e serão aplicadas a dados de:
Sites: tags que enviam dados ao Google.
Aplicativos: SDKs que enviam dados ao Google.
Uploads de dados: ferramentas para fazer upload de dados de fontes que não são do Google, como importações de conversões off-line ou vendas na loja.
Na prática, não há grandes mudanças na proteção de dados, pois as informações cedidas no modo básico do consent mode v2 são as mesmas, necessitando apenas que o consentimento seja feito no novo modelo - tendo as instruções de uso bem explícitas.
Para esta transição de modelo, o Google traz orientações de como proceder para quem utiliza um banner de consentimento e também o modo de consentimento:
Quem utiliza uma plataforma de gerenciamento de consentimento (CMP) certificada pelo Google, o provedor de CMP será atualizado automaticamente para a versão mais recente do modo de consentimento.
Quem possui banner próprio, é necessária a implementação do modo de consentimento v2 .
Respeito a privacidade do usuário e impacto no desempenho das campanhas
Apesar da nova versão do modo de consentimento ainda ser uma novidade que está sendo sentida em todo o mundo, a privacidade de dados sempre deve ser uma preocupação para quem atua com anúncios digitais. Para além das implicações técnicas, a maneira como se lida e se atualiza às novas políticas fala bastante sobre a relação das marcas com os usuários. O consentimento de dados possui implicações legais, éticas e também para a imagem corporativa, pois vazamentos e usos inadequados podem manchar reputações em escala global e de maneira instantânea. Sendo assim, atualizar-se sobre o consent mode V2 e implementá-lo quanto antes é uma decisão preventiva que demonstra o respeito pela legislação e o cuidado com as informações dos usuários.
No dia a dia de quem atua com performance, além de se adequar tecnicamente ao novo modelo de consentimento, ainda há o desafio de entender qual será o impacto dessa atualização nos resultados das campanhas. Com a redução da visibilidade de dados dos usuários e o uso maior de modelagem, os analistas precisarão ter um olhar cada vez mais crítico e estratégico na gestão das contas. O que separará ainda mais amadores de profissionais.
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